No dia 25 de setembro, realizou-se o workshop “Portugal de 2050 na Perspetiva da Ciência e a Aceleração do Desenvolvimento Tecnológico”, organizado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito da Rede de Serviços de Planeamento e Prospetiva da Administração Pública (REPLAN).
Na abertura, Maria Madalena dos Santos Alves, Presidente da FCT, destacou a necessidade de antecipar o futuro face ao rápido avanço tecnológico. Pedro Saraiva, Diretor de PLANAPP referiu a importância do relatório de Megatendências para definir melhores políticas públicas até 2050, enquanto Francisco Furtado (PLANAPP) sublinhou a prospetiva como ferramenta essencial para lidar com as incertezas e as oportunidades do futuro.
Moderado por António Bob Santos, o primeiro painel explorou a forma como a aceleração tecnológica pode moldar o futuro. Catarina Alves de Oliveira, da ESA, destacou o espaço como setor estratégico para enfrentar os desafios da mobilidade, comunicações e monitorização ambiental. Defendeu uma maior autonomia europeia no setor e o fortalecimento da investigação científica. Já Helena Freitas, da Universidade de Coimbra, abordou a necessidade de reforçar a economia circular e a agricultura sustentável, salientando que a biodiversidade poderá ser drasticamente diferente em 2050. Luís Antunes, da Universidade do Porto, alertou para a crescente desigualdade no acesso às novas tecnologias, criticando a concentração de poder nas grandes plataformas digitais.
Miguel Cerqueira, do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia, enfatizou a importância das ciências alimentares e novos materiais para garantir a sustentabilidade e a segurança alimentar. Mencionou ainda que a inteligência artificial (IA) deve ser tratada como uma Megatendência à parte, dada a sua crescente relevância. Por fim, Pedro Leão, do CIIMAR, sublinhou a importância dos oceanos e da bioeconomia, defendendo um maior foco na investigação marinha e em tecnologias baseadas em algas.
Paula Diogo moderou o segundo painel, onde Ricardo Paes Mamede, do Iscte, destacou a prospetiva como uma parte essencial do planeamento público, alertando para os riscos e oportunidades da aceleração tecnológica. Adriana Sampaio, da Universidade do Minho, focou-se na saúde mental e no envelhecimento populacional, alertando para o impacto das alterações climáticas nas desigualdades sociais.
Ana Delicado, da Universidade de Lisboa, defendeu que a aceleração tecnológica deve ser analisada em conjunto com as alterações climáticas, sublinhando que as políticas públicas falham frequentemente nesse ponto. Helena Machado, da Universidade do Minho, expressou preocupações com o determinismo tecnológico, alertando para os riscos de cenários autoritários e a manipulação comportamental através da IA.
Sessões como esta visam aprofundar a reflexão e discussão sobre as nove megatendências identificadas na brochura “Megatendências 2050 – Um mundo em mudança: impactos em Portugal – Uma breve introdução” (aceda ao documento), e inserem-se no trabalho colaborativo em curso para a elaboração do relatório final, com divulgação prevista para o final de 2024.