O PLANAPP – Centro de Planeamento e de Avaliação de Políticas Públicas – acaba de publicar uma Nota Rápida intitulada “A dependência da economia portuguesa face às exportações norte-americanas: Portugal no contexto das novas tarifas comerciais dos EUA”.

Este trabalho é fruto de uma articulação entre o  PLANAPP e os investigadores Diogo Sousa (Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra) Vicente Ferreira (Universidade de Roma “La Sapienza”) e João Pedro Ferreira (Universidade da Virgínia).

Esta Nota quantifica a dependência da economia portuguesa face às exportações de bens para os EUA por setor de atividade, no contexto da transformação das relações comerciais entre os EUA e a União Europeia (UE), com a aplicação de uma tarifa de 15% sobre bens da UE por parte dos EUA.

Para aferir a dependência da economia portuguesa, recorre-se à análise input-output e aos dados da FIGARO (dados de 2022, último ano disponível), tendo-se em consideração três dimensões:

1. O peso das exportações portuguesas diretas para os EUA;
2. Os efeitos da cadeia de valor – os setores nacionais que, direta ou indiretamente, fornecem as indústrias exportadoras portuguesas e europeias;
3. O valor acrescentado e o emprego nacionais gerados pelas exportações e as suas respetivas cadeias de produção.

Os resultados são apresentados em termos de produção, PIB e emprego diretos e indiretos (associados à cadeia de valor). Ao identificar os setores mais expostos e os mais relevantes a nível macroeconómico, esta análise permite traçar um quadro de risco face à eventual redução de exportações da UE para os EUA.

Entre outros efeitos elencados na publicação, destaca-se que 2,1 % da produção, 1,3 % do PIB e 1,3 % do emprego em Portugal dependem das exportações de bens para os EUA (direta e indiretamente, quer pelas exportações portuguesas e as suas relações intersectoriais, quer pelas exportações dos restantes países da UE que dependem de fornecimentos de setores da economia portuguesa). Apesar de as exportações de bens portuguesas para os EUA representarem cerca de 2% do PIB, o seu peso efetivo é de 1%, uma vez que a produção também depende de inputs importados.