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Divulgado primeiro estudo nacional sobre satisfação na saúde
05 Jun 25 —

O PLANAPP publica hoje o relatório do primeiro estudo nacional sobre a satisfação dos profissionais de saúde, no setor público e privado em Portugal, e a retenção dos profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com dados relativos a 2024.

Este é o sexto número de uma série de trabalhos sobre os profissionais de saúde, desenvolvidos no quadro das atividades de apoio e cooperação entre o PLANAPP e o Ministério da Saúde (MS), com o objetivo contribuir para qualificação e o fortalecimento das políticas públicas de gestão e planeamento estratégico dos Recursos Humanos da Saúde (RHS).

Realizado em parceria com o Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT-NOVA),  este estudo de âmbito nacional sobre satisfação de profissionais de saúde – médicos e enfermeiros – aborda também os fatores de retenção profissional no SNS. O trabalho, que contou com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), consistiu num estudo observacional transversal, via questionário, com vista a:

  • Identificar e quantificar a importância relativa dos fatores de satisfação de profissionais de saúde de medicina e enfermagem em Portugal, nos setores público e privado, e os fatores / perfis de retenção profissional a nível nacional;
  • Produzir informação relevante, objetiva e quantificada sobre a realidade nacional para apoiar a definição, implementação, monitorização e avaliação de políticas públicas em matéria de satisfação/retenção de profissionais de saúde, em especial no SNS.

 

De um modo geral, os resultados do estudo indicam que a satisfação global dos profissionais de saúde – médicos e enfermeiros – com a sua profissão é razoável a elevada, e talvez até superior ao que seria de esperar. Os valores médios apurados, numa escala de 0 a 5, mostram que os médicos revelam maior satisfação no setor privado (3,69) do que no SNS (3,26). Já os enfermeiros apresentam níveis de satisfação ligeiramente superiores no SNS (3,29) quando comparados com os do setor privado (3,19). Estes dados, constantes no Relatório, apontam para perceções distintas entre grupos profissionais e contextos de trabalho, mas no geral refletem uma apreciação positiva da profissão.

É importante destacar que qualquer comparação direta entre os resultados do SNS e os do setor privado deve ser evitada ou feita com muita cautela. Isto porque as amostras usadas são de natureza diferente: no caso do SNS, é uma amostra representativa; no setor privado, é uma amostra de conveniência. Além disso, há diferenças significativas nos perfis dos profissionais inquiridos (como idade, género e tipo de funções), o que influencia os resultados obtidos.

No que se prende em concreto com a avaliação da situação no Serviço Nacional de Saúde, há a realçar o seguinte:

  • Médicos/as e enfermeiros/as no SNS apresentam níveis moderados de satisfação global. Identificam-se variações nas dimensões de satisfação avaliadas, com sinais claros de insatisfação, sobretudo, mas não exclusivamente, em relação ao vencimento;
  • Fatores como condições de trabalho, relacionamento dos profissionais com equipas e acesso a recursos tecnológicos afetam significativamente a satisfação;
  • Tendencialmente, a satisfação aumenta à medida que os/as profissionais desempenham funções de chefia, são mais velhos/as, têm horários fixos e trabalham em exclusividade no SNS;
  • Médicos/as e enfermeiros/as que trabalham em hospitais estão mais insatisfeitos/ as comparativamente aos/às que trabalham nos cuidados de saúde primários;
  • Por região, para os/as médicos/as, a insatisfação é mais notória nas regiões do Algarve e de Lisboa e Vale do Tejo, enquanto a maior satisfação regista-se na região do Alentejo. Para os/ as enfermeiros/as, há motivos específicos de satisfação e insatisfação que variam no território, embora a região Norte seja aquela em que a insatisfação é maior;
  • Encontra-se associação evidente entre insatisfação e exaustão extrema (burnout). O burnout é mais prevalente entre profissionais mais novos/as, em regime de multiemprego, com turnos rotativos e com elevadas responsabilidades familiares;
  • Existem motivos comuns a médicos/as e enfermeiros/as para justificar a intenção de permanecerem no atual local de trabalho (exemplo do salário, mas não se esgotando nele).

Relativamente ao Setor Privado, destaca-se:

  • Médicos/as e enfermeiros/as no setor privado reportam níveis moderados de satisfação, não se identificando evidência clara de insatisfação;
  • Tal como no SNS, tendencialmente, a satisfação aumenta à medida que os/as profissionais são mais velhos/as, desempenham funções de chefia, e trabalham em horários fixos;
  • Entre médicos/as e enfermeiros/as, os perfis de satisfação são mais homogéneos do que se detetou no SNS;
  • Há associação clara entre insatisfação e exaustão extrema. O burnout é mais prevalente entre profissionais mais novos/as, que trabalham em turnos rotativos e não têm responsabilidades de chefia.

Este projeto exigiu a conceção e criação de instrumentos de inquirição, a sua aplicação junto dos profissionais e a análise dos resultados sobre a realidade destes grupos profissionais, médicos e enfermeiros, no que se prende com a sua satisfação profissional em Portugal, e a atratividade do setor da Saúde a nível profissional.

De modo a assegurar a robustez e a participação das partes interessadas no processo, em particular a sua capacidade de apoiar o debate público e informar a tomada de decisão, a construção dos instrumentos de inquirição e a divulgação do trabalho envolveu ativamente as partes interessadas, desde o início do estudo, enquanto parceiros do trabalho: organismos do Ministério da Saúde, Ordens profissionais e Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.

Para saber mais, leia o estudo na íntegra.

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